O garoto de 9 anos, de iniciais C.E.F. internado no último dia 29 de fevereiro no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, continua em coma induzido, entubado, sedado e recebendo uma série de medicações de fazem parte do procedimento chamado Protocolo de Recife.
A informação é da Dra. Ana Flávia Bacalhau, pediatra membro do corpo de médicos do hospital e a profissional que atendeu o menino quando ele chegou ao hospital transferido de Brejo Santo.
De acordo com Flávia “dentro da gravidade ele está estável, mas podemos dizer que é um quadro grave”. Ana Flávia conta que o menino chegou no hospital com quadro de convulsão, mas ainda conversando. Ela teve um diálogo com o garoto. Assim que ele chegou foi isolado e o que chamou a atenção da equipe médica era a instabilidade dele. “Ele fazia movimentos repetitivos que não era convulsões, mas estava consciente, sabia quem era, nome, idade”.
Após colher líquido os médicos constataram não ser meningite. Ao conversar com a família a médica foi informada da mordida do sagüi. Foram duas mordidas que o menino levou de sagüi, num intervalo de dois dias de uma para outra. A criança teria tentado brincar com um sagui após a primeira mordida e levou outra mordida.
Desse momento até chegar ao Hospital de Barbalha houve um intervalo de 30 dias. Para ela isso foi muito tempo pois a doença evoluiu nesse período em que não se fez o diagnosticou correto.
O menino está sendo medicado de acordo com o Protocolo de Recife, um método de medicar o paciente com raiva humana que foi o responsável por salvar uma vida na cidade de Recife, em Pernambuco, em 2008. O paciente ficou com seqüelas da doença, com uma paralisia, mas ela avisa que a raiva adquirida pelo paciente de Recife agia mais nos músculos. A do paciente atendido em Barbalha a doença age mais no sistema nervoso.
“Estamos usando exatamente as doses adequadas para criança. O anti-viral, a vitamina C e a sedação para não ter risco de hemorragia”. Ela informa ainda que a medicação é feita ainda para impedir o fechamento dos vasos. Além disso, está sendo feita uma antibiótico-terapia já que o garoto teve uma pneumonia.
A partir de agora serão feitos exames seqüenciais. A cada dia dependendo do exame é colhido algum material. Tem exames que serão feitos uma ou duas vezes por semana até o desaparecimento do vírus.
“A partir do desaparecimento do vírus a gente tira ele da sedação”, informa. Mas isso só será feito, quando o vírus desaparecer. Ela lembra, entretanto, que a letalidade da doença é de quase 100%. “Apenas dois casos as pessoas saíram com vida”, afirma.
O Lacen confirmou o caso de raiva. O Hospital enviou outro material para ser examinado no Laboratório Pasteur, em São Paulo, mas ainda não chegou o resultado. “Nós pedimos urgência, mas como o exame é mais detalhado demora um pouco mais”, afirmou Antonio Ernane, diretor do hospital. Ele informa que a qualquer momento o resultado do exame será comunicado ao Hospital São Vicente.
Já a família está acompanhando o garoto. A mãe dele está com o menino na UTI todo o tempo. Mas, a família informou ao hospital que por enquanto não dará entrevistas. A médica Ana Flávia disse que a família sabe dos detalhes do caso e está acompanhando o tratamento.
Antonio Ernane, diretor do Hospital São Vicente informou que o hospital pediu a transferência do garoto para Fortaleza. Ele disse que essa solicitação se deu porque o hospital não pode ficar com um paciente tendo um centro mais avançado para tratamento.
Segundo ele, a decisão cabe à Secretaria Estadual de Saúde, que até agora não deu resposta. Ele acredita que a melhor opção seria a SESA enviar uma equipe e equipamentos para o hospital de Barbalha para evitar o deslocamento da criança que está estável mas o caso ainda é grave.
“Esse caso é delicado e acredito que a Secretaria de Saúde está analisando com calma e dentro de critérios técnicos para poder agir da melhor maneira”, afirmou.
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