O Canal do Rio Granjeiro, em Crato, vem preocupando moradores que vivem no entorno e no centro da cidade. As chuvas do último dia 28 de fevereiro arrastaram e deixaram aos pedaços a primeira parte das obras emergências feitas no canal, devido às chuvas ocorridas em janeiro de 2011.
Na última quinta-feira o governador Cid Gomes anunciou recursos para recuperação do canal. A informação foi repassada pelo deputado estadual Sineval Roque (PSB). De acordo com ele, o governador quer em 15 dias iniciar a recuperação. Roque afirmou que a recuperação deve custar de R$ 5 a R$ 6 milhões. Serão utilizados os R$ 1,5 milhão do governo federal e o restante dos recursos será do Governo do Estado” afirmou.
Ele disse ainda que o governador já autorizou o início do processo de dispensa de licitação em regime de urgência para que a obra comece o mais rápido possível.
Quanto à obra definitiva o parlamentar disse que o governador já autorizou a elaboração de um estudo para a realização de uma obra definitiva para o canal do Rio Granjeiro. O estudo está sendo feito pela secretaria de Infraestrutura do Estado.
Para o advogado Emerson Monteiro a situação é preocupante. “A expressão que melhor define a necessidade de se ver esse problema em Crato é olhar de frente porque com remendos não vamos resolver o assunto”, afirmou.
Para ele, se tomou o espaço do rio e se fez um canal. “Mataram o rio dentro do canal, criaram uma avenida larga e metade daquela avenida é o rio” concluiu. Para Emerson Monteiro, se nada for feito de forma definitiva o problema vai continuar e as pessoas vão continuar assustadas como estão a cada inverno que se aproxima. Com relação aos recursos, “não podemos vier a vida inteira com obras emergenciais. É preciso um projeto definitivo”,avaliou.
O radialista Almeida Júnior diz que a situação do canal é triste. “Ficamos um pouco desanimados com essa situação”. Para ele o dinheiro anunciado é pouco para a obra que o canal merece. “Acredito que os cratenses deveriam se unir para agir “. Ele diz ainda que “seria interessante que um político do Crato fosse viver às margens do canal durante uma chuva”, concluiu.
Para Almeida falta mais sensibilidade dos políticos cratenses. “As pessoas estão prejudicadas e sofrendo. E devemos nos unir e não podemos ficar calados”, afirmou.
O aposentado Pedro Esmeraldo acha a situação critica. “Considero a situação crítica. Um governador que tem raiva do Crato”, afirmou. Para ele, a briga política entre prefeito e o governador prejudica o Crato. Ele disse ainda não acreditar que mais verbas virão para o canal. “Não acredito em mais nada que se diz. Prometem e nada fazem”, concluiu.
O mototaxista Everardo dos Santos considera a obra ruim. “estamos esperando soluções futuras”.Quanto aos recursos liberados pelo governo ele acha insuficiente.
Para o professor, poeta, cordelista e compositor Ulisses Germano o rio granjeiro “se recusa a ser canal”. “O rio vai sempre encher, todo mundo abe disse e vai transbordar, a gente vê isso há muito tempo”, afirma.
Germano defende que o Rio Granjeiro faz parte da história da cidade e não pode ser tratado de forma tão negligente. “O Rio granjeiro faz parte da nossa vida, da nossa cultura, uma cidade como o Crato, berço de cultura tem que ter investimentos no turismo cultural, e nas suas belas paisagens”,afirmou.
O poeta afirma ainda que é preciso pensar o Granjeiro de forma diferenciada. “Não apenas as obras, mas uma recuperação na essência do Rio Granjeiro, de preservação e não apenas coisas paliativas”, argumenta.
Em nota distribuída à imprensa a assessoria de comunicação da prefeitura do Crato informou que o prefeito Samuel Araripe em coletiva afirmou que a obra de recuperação do canal arrastado pelas chuvas do final de fevereiro foram feitas pelo Governo do Estado. O Município não teria nenhuma responsabilidade na obra. Segundo o prefeito a obra foi mal feita e o governador teria sido avisado. O prefeito afirmou ainda que o Município não tem dinheiro para recuperar o canal.
Um alerta para o Crato
A professora Lireda Albuquerque Bezerra, docente do curso de Geografia da Universidade Regional do Cariri (URCA) há algum tempo vem acompanhando a situação do canal do Rio Granjeiro.
Para ela, o problema é estrutural. “A questão é que estreitaram o rio, tiraram o rio e criaram um canal, e o canal é reto e sem curvas. Quando as chuvas caem ganham velocidade e destroem tudo o que tem pela frente”,afirma.
Para ela, o processo de crescimento do Crato se deu de forma equivocada e agora a natureza e a falta de investimentos públicos levam aos desastres. Ela acredita que a situação deve piorar ainda.
“Se não for feito um estudo sério, uma discussão com toda a sociedade para se preservar a encosta da serra e os bairros Granjeiro e Lameiro, não vai ter obra que segure as águas das chuvas”, sinaliza.
Segundo a professora Lireda, além do poder público não ter tido o cuidado de fazer a desobstrução do canal e pensar num projeto estruturante e definitivo, a especulação imobiliária contribui com a situação atual”, revela.
De acordo com a professora a instalação de loteamentos e construção sem cessar de casas e prédios nos bairros Granjeiro e Lameiro faz com que as águas desçam com mais força para o leite do canal que nãosuporta o volume das águas causando os acidentes .
Ela defende ainda que se algo não for feito muitas casas poderão ser afetadas. “Defendo que haja uma discussão sobre a preservação do rio e devolver o rio ao rio. Isso não dura menos que 20 anos”, acredita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário