A ENERGIA ESPIRITUAL DO MONGE SALUSTIANO GRANGEIRO DE LUNA
Qual a fonte geradora de energia motriz? Para um jovem caipira, pobre, do interior cearense, travar uma luta ferrenha na cidade de Barbalha, Ceará; na busca por uma estabilidade econômica e quando percorre todas a formas de provação material, sacrifícios, luta diária e finalmente consegue formar a tão almejada base econômica, para ter uma vida decente ,conforme o desejo de qualquer jovem que aspira por uma vida independente, e quando consegue o objetivo desejado, larga tudo para viver em um mosteiro Beneditino, enclausurado, numa preparação espiritual contínua, submetido as regras duras, ritos rígidos, sob as mais difíceis provações continuadas, numa mortificação diária e constante, na certeza plena de que aquele caminho é somente de dor, e de purgação corporal e, mesmo assim, definir uma seta existencial com uma trajetória sempre para o alvo, um alvo que é algo próximo e distante, a ponto de passar uma vida inteira , ou seja 67 no Mosteiro de São Bento no de Janeiro numa vida enclausurada, totalmente estranha às raízes familiares e imerso no convívio diário, e de rotinas constante com os alemães, quando este, ainda nem sequer tinha uma instrução básica e um conhecimento eficaz sobre a língua portuguesa, pois aquela época o vício lingüístico, de uma cultura atrasada, de uma linguagem pobre e rica de imperfeições lingüísticas característico deste meio atrasado do interior cearense, dentro deste contexto, conviver com os alemães que com certeza deram continuidade a forma monástica da Europa, que aquela época era um continuidade de princípios de relações humanas totalmente desenvolvido, início do século XX sob a conduta moral religiosa européia, já devidamente instalada no velho continente,
A CULTURA LITERÁRIA DA ÉPOCA
O Brasil ainda procurava formar a unidade social, vez que, a maioria da população vivia na zona rural, onde a estrutura social tinha sido tecida no trabalho escravista e os costumes no contexto rural ainda eram baseados em uma agricultura escravocrata e uma indústria que ainda pensava em dar os primeiros passos e o princípio ativo da civilização que é o respeito às diferenças culturais, religiosas, econômicas, sociais e individuais parecia ser algo muito distante, pois basta verificar a Semana de Arte Moderna que aconteceu no centro mais desenvolvido do Brasil nos dia 13,15 e 17 de fevereiro 1922, no teatro municipal de São Paulo, embora bem mais tarde, já se faz notar a rejeição Social por parte de boa parcela da elite intelectualizada do país, para com a arte nova, a literatura nova, a linguagem nova e por que não dizer a cultura nova no meio acadêmico, pois parte da elite intelectual que tinha absorvido a seiva renovadora da nova arte Européia, quando tenta, apresentar a liberdade, na arte de interpretar a existência, seja através da literatura, da poesia, da música, e da pintura foi praticamente linchada pelos donos de uma cultura artística, raquítica, mofada viciada nos padrões da mesmice, das paixões impossíveis, do sabor eterno dos romances repetidos, a bem da verdade, até a Semana de Arte Moderna, a Brasil vivia o mesmo, a mesma fórmula artística cultural, sempre endeusada pelos grandes figurões da época, que somente sabiam transcrever uma fórmula já decaída e não usada nos grandes centros de civilização mundial, que já enveredavam pela liberdade como o grande mastro para a libertação do homem e das masmorras das convenções sociais obsoletas, atrasadas, baseada em mitos, em doutrina aprisionadoras, gaiolas de ouro, limites com limites bem precisos, a argola do escravo estava presente na mente do senhor de engenho e por extensão a toda uma significativa parcela da elite intelectual conservadora como um todo; basta ver que ao lançamento de cada manifesto futurista lançado na Semana de Arte Moderna , era automaticamente pichado e maculado por uma chuva de conservadores togados, os dono do saber que se seguraram até o final para não perderem as suas regalias, ou abrir as comportas do eu para compreender as inovações tão urgentes, já uma realidade consolidada nos paises desenvolvidos, e aos renovadores, -O sofrimento -Que sofrimento! Ter a fórmula do novo, do usável no mundo civilizado, mas ter de negociar com estes coronéis donos da literatura,da arte, da cultura e da pintura brasileira que não passavam de um primitivismo rústico, salvo poucas exceções, tudo representado pelo parnasianismo decadente ou as paixões proibidas das fórmulas ultrapassadas do romantismo.
Entendo, portanto, que se não fossem as determinações tenazes, corajosas, destes intelectuais renovadores, iluministas brasileiros, determinados, seguros, somados ao apoio de uma burguesia nascente, mas desprendida, que não mediu esforço para financiar, apoiar, afiançar o processo cultural renovador que nascia de forma pioneira em São Paulo; nós ainda estaríamos lendo e relendo os romances clonados dessa impossibilidade amorosa e chorosa do final do século XIX, pois não é a toa que o brasileiro é tão saudosista com relação a estes romances.
Acredito que nesta pequena exposição foi demonstrada que o processo cultural não é algo sempre benéfico para a sociedade como um todo, pois está grafado em nossas mentes, é preciso ter força para eliminar ou reciclar o subproduto neste país, e abrir novas comportas para um mundo civilizado, pois ao meu ver, a cola cultural que une a sociedade brasileira precisa ser repensada, pois a ativação desta pequena, mas influente gororoba no seio da sociedade brasileira, tem sido ao meu ver, a grande responsável pela onda de desagregação social, pela onda da violência, do medo e temor de se viver harmonicamente em sociedade; pois dá a impressão de que tudo é perigo, tudo é treva, tudo e violência pura, até quando isto vai perdurar? Que razão é esta? A razão do homem como o lobo de si mesmo?
Trabalho em elaboração pelo professor Luiz Domingos de Luna sobre a vida dos primos monges ( Ana Grangeiro Chaves e Salustiano Grangeiro de Luna )
Email: falcaodouradoarte@hotmail.com
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