sábado, 22 de março de 2014

Penitenciária agrícola de Santana do Cariri está em condições de precariedade

Além de não ter delegacia, o único local para cumprimento de pena em regime semiaberto, a Penitenciária Agrícola de Santana do Cariri, está em condições de extrema precariedade de funcionamento e deverá ser desativado, segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, após autorização do judiciário, por falta de estrutura para continuar operando, com o prédio deteriorado, com rachaduras, também muitas infiltrações, forros quebrados, cozinha sem a menor condição de higiene.
A distância de Santana do Cariri, as péssimas condições de locomoção pela CE - 166, e até mesmo a comida para os presos, já que se alimentam dos animais que criam e das frutas, estão entre os maiores problemas. São décadas de funcionamento da colônia agrícola, com apenas cinco detentos, que deveriam estar recebendo um auxílio, pelo trabalho desenvolvido na área, de R$ 300,00 por mês. Já se passaram cinco meses, e não houve o repasse, segundo os próprios presos beneficiados.
A estrada que dá acesso ao local fica a 13 quilômetros da cidade. Moradores de um distrito próximo, em Brejo Grande, também reclamam das condições de insegurança. Há vários anos morando no distrito, a professora aposentada e líder comunitária, Maria Silvani Alencar, afirma que tem feito um trabalho de socialização dos jovens.
Segundo ela, na localidade era comum os rapazes, principalmente, andar com uma faca peixeira na cintura, e essa cultura vem sendo trabalhada para minimizar os riscos de brigas e até mortes ocasionadas, além do uso de bebidas alcoólicas.
Maria Silvani destaca que há um morador da cidade, alcoólatra, e que reside sozinho. Segundo a moradora, ele chegou a ser atacado e teve as pernas e braços quebrados e ninguém viu. Diz ainda que o problema maior é a distância para chamar a segurança pública, que para os moradores praticamente não existe.
Vários abaixoassinados já foram feitos pela moradora, solicitando pelo menos condições de transporte, para facilitar a locomoção das pessoas. Há casos em que o deslocamento de doentes é realizado em uma rede, por não ter condições de passagem dos veículos, principalmente em chuvas mais intensas.
O distrito em que mora fica nas proximidades da penitenciária em regime semiaberto. Há situações em que os próprios presidiários, segundo ela, pedem para comprar bebidas. "Estamos expostos, mesmo num lugar como esse, aparentemente tranquilo".
Ela acrescenta não apenas a preocupação da bebida alcoólica entre os jovens, mas das drogas, que têm sido comuns mesmo em área rurais das pequenas cidades cearenses.
Há situações em que os próprios moradores chegam a colaborar com o combustível e estada dos policiais, nos casos de deslocamento para as localidades mais distantes.
Susto
A comerciante Ana Lígia Feitosa, moradora da cidade de Santana do Cariri, ainda está assustada com o assalto ocorrido na mercearia de sua família recentemente.
Segundo ela, dois homens desconhecidos chegaram à localidade em um veículo Siena prata, e chegaram a render a sua mãe e levar todo o dinheiro disponível no caixa.
Descaso
Para ela, o problema maior é que, muitas vezes, não tem nem como prestar queixa de imediato, e os próprios bandidos acabam sendo beneficiados com essa situação de descaso da segurança. É que falta viatura na delegacia no momento. "Agora temos que fechar cedo, como forma de prevenir esses casos".
O comerciante do distrito de Brejo Grande, João Martins, disse que os moradores da localidade estão acuados e não tem muito a quem recorrem e muito menos se deslocar pelo acesso de péssima qualidade. "Temos mesmo é que apelar para a sorte".
Já a comerciante Zumira Gomes da Silva, com um comércio no município há 20 anos, decidiu colocar grades no mercantil, para atender os clientes. "Foi a forma que encontrei para me sentir mais segura", diz. Ano passado a comerciante chegou a ser vítima de assalto com o marido no estabelecimento, por dois homens armados e com capacetes.
Os proprietários do estabelecimento até acharam que era uma brincadeira. Para eles, resta o trauma da insegurança, mesmo em uma cidade em que a sensação de tranquilidade agora é algo do passado. (ES)

Atraso

300
reais é o valor mensal que os cinco detentos deveriam receber como auxílio pelos trabalhos que eles realizam na colônia.

Diário do Nordeste

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