domingo, 22 de setembro de 2013
POR QUE TANTO PROTESTO?
O que podia parecer arroubo passageiro de rebeldia, agora mostra que – passados mais de três meses – veio para se tornar parte do cotidiano político do País. Após a Copa das Confederações e a redução das tarifas de ônibus em várias capitais, o brasileiro mostrou que ainda tem razões de sobra para ir às ruas, em mudança de cultura que sinaliza novas “primaveras” pela frente. Mesmo com redução da adesão nas mobilizações de rua, não há como negar: junho mudou a forma de protestar da população.
Conflitos por todo o País durante o sete de setembro, manifestações que acompanham diariamente a votação de projetos no Congresso, a manutenção do acampamento de ativistas no Parque do Cocó por quase três meses e a recente ocupação da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, no Cariri - todas situações difíceis de se imaginar antes da jornada de manifestações deste ano. As razões para o brasileiro se manter nas ruas encontram teses das mais diversas.
Por que protestar?
Para o sociólogo Uribam Xavier, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, as mobilizações de junho foram apenas “transbordo” de indignação acumulada pela superação do modelo socioeconômico do governo do PT. “A população percebeu que essa política não ia oferecer nenhuma ruptura, que ia no máximo transformar miseráveis em pobres, precarizando os serviços públicos”, avalia, afirmando que - como não houve mudança estrutural desse modelo - pode ser apenas questão de tempo até nova intensificação dos protestos.
Na opinião da ex-vereadora e líder do movimento Crítica Radical, Rosa da Fonseca, as manifestações de junho mostraram eminência de colapso do sistema econômico vigente, liberando uma “nova visão” das mobilizações sociais entre brasileiros. “As pessoas estão mais interessadas, dando mais repercussão e se posicionando sobre esses assuntos. É uma nova visão, como dizia a música do Tom Zé, ‘calar a boca nunca mais’, a tendência é só se aprofundar mais”.
Tese diferente é defendida pelo sociólogo Valmir Lopes, também professor da UFC. “Junho foi uma espécie de explosão de indignações com tudo, com esse caráter de espontaneidade. Mas como é um movimento que consome muita energia, ele tende a diminuir. Ninguém aguenta ficar na rua o tempo todo, todos os dias”, avalia.
Para ele, as mobilizações políticas brasileiras entraram em “segundo momento”, onde se perdeu espontaneidade das manifestações de junho. “Nesse momento, as forças políticas organizadas começam a tentar capitalizar as ações desses movimentos. Mas como as pessoas tem indignações muito próprias e que muitas vezes não concordam entre si, a tendência é que movimentos das organizações já existentes percam adesão”, considera.
fonte: jornal O Povo
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