O mandato do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está com os dias contados. A avaliação é feita por parlamentares aliados e de oposição ao peemedebista. Há pouco mais de um mês e meio afastado das funções de deputado, Cunha tem perdido aos poucos apoio na Casa legislativa.
Ontem, em entrevista coletiva à imprensa e sozinho em uma mesa para seis lugares, o parlamentar apenas reafirmou o discurso já feito quando teve oportunidade de se defender das acusações por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. Acentuando o isolamento, o diretor da TV Câmara, Cláudio Lessa, acabou sendo demitido após transmissão da coletiva pela emissora estatal.
Réu no STF e prestes a ser cassado pela Casa que o elegeu presidente por maioria esmagadora de votos, Cunha não trouxe nada novo no repertório de defesa. Era esperado, por exemplo, que ele colocasse a possibilidade de renúncia à segunda linha sucessória da Presidência da República. O que não ocorreu.
Ao O POVO, um dos mais árduos defensores de Cunha em Brasília, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), defendeu a renúncia do cargo de presidente com objetivo de "melhorar o ambiente" na Casa. O peemedebista justifica a necessidade de novas eleições por entender que o presidente em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), não tem condições de comandar a instituição, além de crer na remota possibilidade de retorno do aliado ao comando da Casa.
Sobre as possibilidades de Eduardo Cunha salvar o mandato, Marun é pessimista. "Não é fácil, sou realista. Mas acredito que ele deve lutar. É renunciar à Presidência e lutar pelo seu mandato", conclui.
Voto a favor da cassação no Conselho de Ética, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) disse, em pronunciamento ontem, que o presidente afastado tentou se colocar como "vítima" com objetivo de retardar o processo e tentar se livrar da perda do mandato. O petista avalia não haver mais saída. "Ele sabe que dificilmente terá salvação no plenário da Câmara. Ele quer prorrogar o processo até mudar a conjuntura política", alegou.
O cearense Arnon Bezerra (PTB) avalia um “clima desfavorável” para o deputado na busca por apoio político contra o processo de cassação. Arnon acredita ser “muito difícil” que Cunha consiga manter o mandato de parlamentar após as graves acusações e da perda constante de apoio. “Ele tem feito um trabalho natural de defesa, e ele tem direito. Mas o clima não é positivo”, diz.
- Jornal O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário