Um escrivão da Polícia Civil e um perito da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) foram presos preventivamente por suspeita de participação em um esquema de grilagem (que consiste no ato de tomar posse de terras alheias, mediante falsos títulos de propriedade), na manhã de ontem, em Juazeiro do Norte, a 493 km de Fortaleza. Além deles, 22 pessoas, incluindo outros servidores públicos, foram conduzidos coercitivamente para prestar esclarecimentos ao Ministério Público do Ceará (MPCE), durante a operação Perícia Legal.
O perito Francisco Antônio Ferreira Barbosa e o policial Eduardo Jorge Duarte da Silva, conhecido por Duinha, seriam os mentores do esquema de grilagem de terrenos particulares, segundo o coordenador da operação, promotor Manoel Epaminondas. “Determinados imóveis eram invadidos por grupos, com o apoio deles. Em seguida, eles erguiam muros e vendiam os terrenos, rateando os valores arrecadados entre si. Também se valiam das funções para fazer a ‘segurança’ dos terrenos invadidos. Diziam que ‘esse terreno é da Polícia. Ninguém mexe’”, destacou.
As investigações, iniciadas em janeiro deste ano, revelaram ainda que os servidores costumavam fazer cobranças de dívidas para particulares, mediante o pagamento de comissão, intimidando os inadimplentes. Ao decretar as prisões e conduções, o titular da 2ª Vara Criminal do Município, Péricles Victor Galvão de Oliveira, expediu ainda nove mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao grupo, incluindo a Delegacia Regional e o Núcleo da Pefoce na Cidade.
A operação foi realizada por promotores da 6ª Promotoria de Justiça de Juazeiro do Norte e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), tendo auxílio da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). Os suspeitos foram ouvidos na sede da Promotoria de Juazeiro.
Laudos manipulados
De acordo com Epaminondas, durante a apuração, outro esquema foi detectado: o de facilitação e venda de laudos periciais expedidos pela Pefoce. “Eram análises de acidente de carro, imóveis incendiados, diversas situações em que você pagava para acelerar ou manipular dados, desvirtuando os laudos. Ainda vamos ouvir muitas testemunhas para descobrir a extensão dos crimes”, afirmou.
O promotor destacou que os servidores serão investigados por corrupção ativa e por responsabilidade administrativa, através da CGD. Além disso, o perito Francisco Antônio foi afastado das funções públicas até o encerramento das investigações. Procurada pelo O POVO, a SSPDS informou que deu apoio à operação e que não irá se manifestar sobre as investigações realizadas pelo MPCE.
- Jornal O Povo
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