O líder do PMDB no Senado, Eunício
Oliveira, foi citado em reportagem da
revista Veja, como suposto beneficiário
de doações ilegais na campanha de 2014
ao Governo do Estado. De acordo com a
reportagem, o economista Nelson José
de Mello, ex-diretor da fabricante de
produtos de saúde e bemestar
Hypermarcas, em delação premiada
revelou como o dinheiro chegou à
campanha do peemedebista ao Governo
do Ceará.
Eunício nega o recebimento
dos recursos e diz que não conhece o
delator.
Segundo a reportagem, ”o mapa da mina
é apresentado, de forma detalhada e com
notas fiscais, num acordo de colaboração
assinado entre o Ministério Público Federal e o economista Nelson José de Mello, ex-diretor da
fabricante de produtos de saúde e bemestar Hypermarcas. O ex-executivo narra como foram
repassados ao menos 26,35 milhões de reais para alguns políticos ligados a Lyra por meio de
contratos fictícios assinados entre a companhia varejista e uma rede de empresas, sendo algumas
delas fantasmas, e escritórios de advocacia e de auditoria”.
A reportagem conta que no ano de 2014, em meio às eleições, o ex-diretor da Hypermarcas afirmou
que Milton Lyra o avisou que seria procurado por um “portador de Eunício Oliveira” para ajudar
financeiramente na campanha do peemedebista ao governo do Ceará. De acordo com a reportagem,
Nelson Mello diz que se encontrou com um sobrinho de Eunício Oliveira, chamado Ricardo, e que
“pagou despesas de empresas que prestavam serviços à campanha de Eunício Oliveira” por meio de
“contratos fictícios” no valor total de 5 milhões de reais.
Duas dessas empresas, segundo a Revista Veja, eram a Confirma Comunicação e Estratégia e a
Campos Centro de Estudos e Pesquisa de Opinião, receberam 3,35 milhões de reais. ”O restante foi
desembolsado pela Hypermarcas a partir de uma nota fiscal emitida no valor de 1,65 milhões de
reais apresentada pela Confederal Prestadora de Serviços de Vigilância e Transporte de Valores, de
propriedade de Eunício”, afirma a reportagem.
Leia abaixo trechos do relato de Nelson Mello:
“…que foi à casa da Presidência do Senado, quando era presidente Renan Calheiros, em recepções;
que nessas ocasiões conheceu diversos Senadores, como Eunício Oliveira, Eduardo Braga e Renan
Calheiros; que, portanto, notou que Milton era respeitado e tinha prestígio entre os Senadores; que,
quando recebeu o pedido de Milton, viu que fazia sentido pagar porque este tinha vários amigos; que
Milton dizia que os Senadores ajudavam as bases, tinham despesas de campanha; que Milton não
pediu doação formal à campanha de ninguém, até porque não havia campanha; que Milton não
especificou como seriam os pagamentos; que Milton depois indicou a empresa com a qual a
Hypermarcas celebrou o contrato fictício no valor de R$ 2.000.000,00; que o depoente informou que
teria que ser com emissão de nota fiscal; que nessa primeira fase o contrato foi com a Credpag
Consultoria e Serviços Financeiros Ltda., empresa cujo nome estava na porta do escritório de Milton
Lyra; que o contrato foi simulado, não houve a prestação de serviços, apesar da juntada de
relatórios”
“…que entendeu que os montantes pagos eram para o Milton Lyra repassar aos amigos, não sabendo
o depoente se este retinha parte dos valores, em troca da intermediação dos contatos mencionados;
que os amigos de Milton Lyra eram os Senadores…”
“…que em um determinado momento de 2014 Milton Lyra informou que seria procurado por um
portador de Eunício Oliveira; que recebeu um sobrinho de Eunício Oliveira, então candidato a
governador, o qual pediu ajuda financeira na candidatura; que concordou com o pedido pela posição
do Senador; que o sobrinho de Eunício Oliveira era de nome Ricardo; que pagou despesas de
empresas que prestava serviços à campanha de Eunício Oliveira; que ajudou mediante contratos
fictícios; que a ideia de pagar a uma empresa de Salvador foi sugestão de Ricardo; que o contrato foi
no montante de R$ 3.350.000,00; que tratou com a esposa de uma pessoa que cuidava da
campanha de marketing do governador, de Salvador, que são sócias de direito de 2 empresas; que
essas empresas não tinham capital social suficiente para o pagamento; que ao final se providenciou
uma nova nota fiscal para totalizar R$ 5.0000.000,00, esta em nome da empresa Confederal…”
RESPOSTA DE EUNÍCIO
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, disse, ao ser procurado pela reportagem da Veja, que
nunca teve “qualquer contato com Milton Lyra ou com Nelson Mello” e que “não tem conhecimento”
de pagamentos para a sua campanha em 2014. Em nota divulgada ao mercado nesta terça-feira, a
Hypermarcas confirmou a delação de seu ex-diretor e disse que o seu ex-executivo “autorizou, por
iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços”.
(Com informações da Revista Veja)
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