A iminência de os reflexos da crise econômica global, sobretudo a que atinge os países europeus, atingir o mercado de trabalho brasileiro já está gerando tensão nas relações entre sindicatos de trabalhadores e o governo da presidente Dilma Rousseff. Mesmo sendo considerada afilhada política de um ex-presidente oriundo do meio sindical e ter herdado a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, dirigentes das principais centrais sindicais do País reclamam que as relações entre os representantes dos trabalhadores e o governo federal podem entrar em colapso, em razão da falta de um canal eficiente de comunicação do governo com os trabalhadores.
Segundo o presidente do Núcleo Sindical do PSDB, maior partido de oposição ao governo federal, Antônio de Sousa Ramalho, a dificuldade em conversar com a presidente Dilma é muito grande. “Quando ela recebe algumas pessoa das centrais (sindicais), ela corta a língua de todo mundo porque só um ou outro pode falar e assim fica muito difícil expor a reivindicação da classe trabalhadora. Deste jeito, é melhor nem ter reunião”, destaca o sindicalista, que também é vice-presidente da Força Sindical. Segundo ele, a pauta empresarial no governo Dilma é muito bem valorizada, já a pauta sindical é bastante tímida.
Os dirigentes da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, e da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, licenciado da central para disputar as eleições municipais de São Paulo, reclamam que na gestão Dilma foram realizadas apenas três reuniões com as centrais sindicais e que, durante esses encontros, apenas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) teve voz ativa. Procurada, a CUT não quis se pronunciar.
Crise à vista
A piora no cenário econômico pode aumentar as tensões entre governo e sindicatos. “Quando o crescimento econômico está razoável e tem emprego, as coisas são minimizadas. Mas com a crise há possibilidade de as relações esfriarem ainda mais”, diz Patah. Ele lembra que durante a crise econômica de 2008, devido à proximidade de Lula com as centrais sindicais, houve parceria entre governo e sindicatos.
Paulinho e Ramalho também concordam com esta análise. Paulinho reclama da falta de reuniões com o governo. “As reuniões existentes foram apenas para marcar outras reuniões. Nada foi decidido. Isso tem gerado muito desconforto”, afirma.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
É a falta de canal eficiente de interlocução que preocupa os sindicalistas. Os encontros são raros e a dificuldade de acesso à presidente difere do quadro que predominava com Lula, que era egresso do movimento sindical.
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