quinta-feira, 6 de março de 2014

Monitor de Secas do Brasil pode ser alternativa para o semiárido


Para 2014 o prognóstico da Funceme indica probabilidade de chuvas 40% abaixo da média histórica no Nordeste; e o do Inpe, de 35% abaixo da média. A perspectiva de mais um ano seco provoca alerta, uma vez que os anos 2012 e 2013 foram de baixa pluviosidade, recarga de água mínima, apenas nos pequenos reservatórios. Houve crise na agricultura e pecuária e 1.332 municípios da região (74,2%) estão em estado de emergência desde novembro de 2013.
A rotina de reuniões climáticas mensais que tem sido seguida nos e Estados do Nordeste para o anúncio da estação de chuvas é um das bases que comprovam a maturidade das instituições para a implantação do Monitor de Secas do Brasil. Mesmo sem ter um convênio que rege o trabalho em cooperação das instituições, foi construído um sentimento de rede com a participação nas reuniões periódicas em cada Estado.
A experiência adquirida foi apontada como indicador positivo por Maria Assunção Faus da Silva Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), que lidera a equipe que trabalha no desenvolvimento do Monitor de Secas do Brasil com apoio do Ministério da Integração Nacional e do Banco Mundial.
A rede ligada à previsão da estação de chuvas é resultado do apoio dado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação nos anos 1980 e 1990, que estabeleceu a rotina de reuniões climáticas mensais e do fato da previsibilidade do clima no Nordeste ser um exemplo no País desde os anos 1970, cujos frutos persistem até hoje.
Um dos frutos é o Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino, que realizou este ano a sua 15ª edição, com a participação da Funceme, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) e Inpe, entre outras instituições, com a participação de técnicos dos Estados do Nordeste.
O evento, segundo Assunção Dias, produziu avanços na previsão climática com uso de técnicas objetivas com a convergência das instituições do Brasil para a obtenção das probabilidades de ocorrências das categorias na qualidade da estação chuvosa - abaixo da média, na média ou acima da média.
Outra base, de acordo com Assunção Dias, são as Comissões de Seca, que se reúnem nos Estados semanalmente no período de estiagem, uma estratégia para manter o foco na busca de soluções no dia a dia. "A Sala de Situação da Agência Nacional de Águas (ANA) é outra base", disse ela. A Sala faz o monitoramento dos reservatórios do Dnocs com informações quantitativas e qualitativas para definir as cotas críticas dos açudes, os valores mínimos e os níveis considerados de emergência.
A Sala de Situação funciona como um centro de gestão de situações críticas e subsidia a tomada de decisões por parte da Diretoria Colegiada da ANA, em especial, na operação de curto prazo de reservatórios. Faz o acompanhamento das condições hidrológicas dos principais sistemas hídricos nacionais de modo a identificar possíveis ocorrências de eventos críticos, permitindo a adoção antecipada de medidas mitigadoras com o objetivo de minimizar os efeitos de secas e inundações.
Assunção Dias diz que a ideia é agregar no Monitor de Secas produtos que são desenvolvidos por diversas instituições como a Embrapa, que possui um sistema de previsão de chuvas, o Inmet, Cptec e Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Os dados deverão ser atribuídos pesos com a definição dos níveis de seca. Para abrigar o software que vai rodar o Monitor de Secas, ela recomenda que seja uma instituição do Nordeste, e informa que a Funceme se dispõe a sediar o sistema com a participação de uma ampla rede de validação desenvolvida regionalmente com instituições do Nordeste.

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