segunda-feira, 3 de março de 2014

Morre Alain Resnais, cineasta da memória e da imaginação


Cineasta da memória e do imaginário, Alain Resnais, morto na noite deste sábado em Paris, aos 91 anos, marcou a história do cinema francês com suas obras. Com uma carreira prolífera, com filmes como "Hiroshima, meu amor" e "Ervas daninhas", Resnais trabalhou com grandes nomes da literatura - Marguerite Duras, Alain Robbe-Grille e Jorge Semprún, por exemplo - e explorou sem cessar os vínculos entre imagem e escrita renovando constantemente suas fontes de inspiração. 

Nascido em 3 de junho de 1922, em Vannes, filho de um farmacêutico, o jovem Resnais se apaixonou desde cedo pela literatura. Aos 13 anos rodou um curta-metragem, "Fantasmas", e após o ensino médio foi para o Instituto Francês de Estudos Cinematográficos (IDHEC), em 1943. 

Ele começa a trabalhar na montagem de filmes, e logo se volta para o cinema de arte. "Van Gogh" (1946), "Guernica" (1950), "Gauguin" (1951) e "As estátuas também morrem" (1953), recompensados em vários festivais, deram a ele uma reputação como documentarista, confirmada com "Noite e nevoeiro", que evoca os campos de morte nazistas. 

A riqueza narrativa e a insólita poesia de seus primeiros longa-metragens, "Hiroshima, meu amor" e "O ano passado em Marienbad", surpreenderam ao público e à crítica. "Muriel" (1962) e "A guerra terminou" (1966), reflexões sobre a memória, a guerra e o compromisso afirmam a singularidade e o talento do cineasta. 

Após dois filmes menores, "Providence" (1974) marca uma sutil meditação sobre a criação literária e foi considerada uma de suas obras-primas. Nos anos 1980, Resnais não deixou de surpreender: ele adaptou com igual maestria as teses do biólogo Henri Laborit ("Meu tio da América") e uma peça teatral de Henry Bernstein sobre educação ("A vida é um romance). 

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