sábado, 22 de março de 2014

Passageiros reclamam de ônibus precários em Juazeiro


Veículos sucateados, número excessivo de passageiros embarcados, assentos em má qualidade de conservação, atrasos e, em alguns casos, mal atendimento à passageiros por motoristas e cobradores. Essa situação, conforme apontam os próprios usuários do sistema de transporte público neste município, acontece diariamente. Nos horários de pico, de 6h às 8h e de 17h às 18h30, a situação se agrava devido ao baixo número de ônibus disponibilizados pelas quatro empresas que atuam no setor.
Além da deficiência em relação ao número de veículos, os usuários também reclamam da ausência de infraestrutura nos locais destinados às paradas dos ônibus para embarque e desembarque de passageiros.
A maioria dos pontos, segundo afirmam os usuários, não possui cobertura metálica e, desta forma, em dias de chuva, os passageiros acabam ficando molhados. Outro quesito levantado pelos populares é a falta de segurança nos locais. Muitos afirmam já terem sido assaltados por marginais que agem nas paradas.
"Segurança aqui não tem de jeito nenhum", diz o aposentado João Carlos dos Santos que, diariamente, utiliza o transporte público para se deslocar do bairro onde reside ao Centro da cidade. Ele alega que, no ano passado, foi assaltado duas vezes enquanto esperava o ônibus. "A primeira vez foi em junho, quando me levaram o relógio, e a segunda agora em dezembro, quando eu perdi a carteira com os documentos e algum dinheiro", conta.
Conforme o aposentado, os marginais aproveitam a demora dos ônibus para cometer os delitos. "Demora demais. Eu mesmo já precisei esperar mais de 40 minutos para poder tomar uma condução. É por isso que o povo acaba sendo roubado. O ladrão sabe que o ônibus demora e ai fica fácil dele agir", avalia.
O pedreiro Cícero José Resende frisa que a qualidade dos ônibus também é questionável. Ele diz que há veículos em que os passageiros permanecem em pé porque os bancos estão quebrados. "Já teve passageiro que caiu por que o banco estava solto", afirma.
O usuário comenta que todos os dias utiliza quatro conduções, duas para chegar ao trabalho e outras duas para retornar para casa, e que os veículos acabam fazendo com que ele se atrase para o serviço ou, então, chegue mais tarde em sua residência. "Quase todo dia é assim. Quando não atrasa de manhã, o ônibus demora pra chegar de tarde e, quando aparece, vem lotado de passageiros. Parece até que as empresas fazem de propósito".
Ele diz que muito passageiros se irritam com a falta de infraestrutura dos veículos e que, em algumas ocasiões, já presenciou discussões entre passageiros e funcionários de empresas do setor. "De vez em quando tem um bate boca entre motorista, cobrador e passageiro. O povo é tudo estressado por causa da qualidade dos ônibus. A maioria não presta. É tudo velho e acabado", condena o pedreiro.
A avaliação dele é corroborada por Moacir Leite de Almeida, que trabalha em um depósito de matérias de construção. Segundo ele, a maioria dos atrasos nas linhas que atravessam a cidade se dá por causa de problemas mecânicos gerados pelo tempo de uso dos veículos. "A frota de ônibus da cidade é ultrapassada. Os veículos mais novos não são disponibilizados aos bairros mais afastados do centro da cidade. Quem mora longe vive se batendo nos ônibus mais velhos. Transporte coletivo em Juazeiro do Norte já vivou um caso sério, não tem quem de jeito", severa.
Outro equipamento avaliado como insatisfatório pelos usuários em Juazeiro do Norte é o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Inaugurado em dezembro de 2009, o equipamento tinha como função primaria facilitar o deslocamento de passageiros por áreas específicas do município e, ainda, realizar a interligação entre os municípios de Juazeiro do Norte e Crato. O objetivo, no entanto, parece não ter sido alcançado, devido o baixo número de pessoas que utilizam do VLT.
Metrô do Cariri também apresenta falhas no atendimento ao usuário

Juazeiro do Norte A dona de casa Maria da Conceição Cruz Ribeiro entre entre os reclamantes do VLT. Embora o veículo possua certo conforto se comparado à frota de ônibus em circulação, muitas pessoas não usam o sistema porque a velocidade das composições acaba ocasionando atrasos. "A gente esperava que os trens andassem mais rápido. Demora muito chegar nos cantos", diz. Em média, a velocidade máxima das composições é de 80km/hora e, na maioria das vezes, os carros trafegam a uma velocidade média de 60km/hora.
As composições, num total de três, possuem capacidade para transportar até 330 passageiros por composição que são formadas por veículos climatizados com sistema de ar-condicionado. Segundo a assessoria de imprensa do Metrofor, responsável pelo gerenciamento do equipamento, a demanda diária de passageiros é de cerca de 1.700 usuários, sendo que este número aumenta em períodos de festividades e romarias.
O órgão informa que há um quantitativo mínimo de viagens diárias e avalia como natural que, em horários de menor demanda, haja veículos circulando com número reduzido de passageiros. Também garante que a segurança nos terminais existe e que, inclusive, é realizada no interior das próprias composições.
O Metrofor solicita que, em caso de relatos de roubos e assaltos, a população usuária do sistema denuncie às autoridades policiais e, quando possível, informe à Ouvidoria do Estado pelo telefone 155. A empresa Auto Viação Metropolitana, Via Metro, que atua no transporte de passageiros que circulam entre os municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha, disse não reconhecer as falhas apontadas por populares. Conforme o chefe de tráfego da empresa, Aldemir Andrades, 36 veículos são disponibilizados para atender a demanda diária.
A frota em atividade foi recentemente trocada e cada um dos veículos possui vida útil de até cinco anos. Ele também ressaltou que, periodicamente, são realizadas vistorias e recuperações de equipamentos internos que apresem falhas ou danos. Além disso, todos os veículos são equipados com elevadores, garantindo, dessa forma, total acessibilidade a passageiros que apresentem alguma deficiência física ou motora.
A reportagem também tentou ouvir os responsáveis pelas empresas Viação São Francisco, Bom Jesus do Horto e Empresa Lobo de Transportes Coletivos. No entanto, nenhum dos telefones disponibilizados pelas empresas foi atendido. Na garagem das empresas também não foi possível entrevistas.
Diário do Nordeste

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