quarta-feira, 2 de abril de 2014

Entidades do Crato querem substituição de delegada



Pelo menos 20 entidades de classe e órgãos representativos da sociedade da cidade assinaram uma Nota de Repúdio, que deverá ser enviada ao governador Cid Gomes, até o fim desta semana, onde solicitam imediata substituição da delegada Fernanda Gomes de Matos e Souza, titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Crato (DDM). Contra ela pesam denúncias de prática de injúrias, difamações, calúnias, assédio moral contra funcionários, mau atendimento às vítimas de violência doméstica e faltas constantes ao trabalho.
O documento é fruto de uma reunião onde participaram os diversos órgãos, na tentativa de encontrarem uma solução para um problema que vem crescendo gradativamente, o aumento no número de queixas apresentadas por mulheres vítimas de violência doméstica contra a delegada, que também é alvo de um processo judicial por crime de assédio moral, impetrado pelos próprios funcionários da delegacia, que a acusam da prática constante de irregularidades no exercício da função.
Fernanda Gomes de Matos ocupa a titularidade da delegacia especializada desde que a unidade foi inaugurada em Crato, em 2002. No decorrer dos últimos 12 anos, conforme o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Crato, a delegada tem sido questionada pela quantidade de licenças que solicitou, ausência semanal no trabalho, realização de tarefas na própria residência e negativa de instauração de Boletins e Ocorrências (BO's).
Conforme o documento assinado pelas entidades, no último dia 13 a agricultora Luzinete Gomes, que reside na zona rural do município, procurou ser atendida na delegacia por ter sido vítima de agressões. A delegada Fernanda Gomes de Matos e Souza teria, no entanto, se negado a prestar atendimento à agricultora alegando estar em horário de almoço. Indignada, a mulher que aguardava o atendimento a cerca de 3 horas, chegou a ouvir da delegada que ela fosse "procurar o governador para fazer seu BO", afirma o documento.
Outro caso apresentado pelos manifestantes diz respeito à situação de Ângela do Nascimento, outra vítima da violência contra a mulher na cidade. Auxiliar de serviços, ela teria se dirigido à unidade policial em 14 de março, por volta das 16h30min, para pedir proteção da polícia, após ter sido ameaçada de morte pelo próprio companheiro.
De posse de outros boletins, quando outras ameaças haviam sido registradas, foi informada por funcionários da delegacia que o procedimento não poderia ser realizado devido a ausência da delegada.
 "O número de denúncias contra a delegada Fernanda Gomes de Matos cresceu muito nos últimos meses. Não se trata de perseguição aberta pelos órgãos representativos. O que nós estamos buscando, através desta nota de repúdio, é uma solução para um problema que vem se arrastando, já de algum tempo, e que tem ocasionado, inclusive, atraso em diversos procedimentos já instaurados", explicou a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Francisca Alves da Silva.

A reportagem tentou ouvir a delegada Fernanda Gomes de Matos. Várias ligações telefônicas foram realizadas para o número celular da titular da DDM, sendo que todas as ligações acabaram sendo direcionadas para a caixa de mensagem da mesma.

Diário do Nordeste

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