Tráfico de fósseis ainda não é coisa do passado, quando se trata de
material coletado da própria Bacia Sedimentar do Araripe. Algo que preocupa
principalmente pesquisadores que atuam na região. Mais uma vez situações
relacionadas à essa questão vêm à tona quando uma peça de grande valor para
ciência, e comercialmente valorizada, principalmente para colecionadores,
aparece em sites internacionais sendo leiloados.
Em fevereiro deste ano, um fóssil de um pterossauro estava sendo
comercializado por meio da loja francesa Geofossiles, na cidade de
Charleville-Méziéres, que realiza leilão no Ebay. No valor de R$ 600 mil, o
fóssil é uma peça rara, de mais de 120 milhões anos. Raramente poderá voltar ao
Brasil. Segundo pesquisadores da área, o fóssil do Cretáceo Inferior tem 1
metro do crânio até o rabo e 3 metros de envergadura.
A Bacia do Araripe é reconhecida
mundialmente pela grande quantidade de fósseis, inclusive pelo bom estado de
conservação. O fortalecimento de meios
que inibam esse tipo de tráfico é uma das alternativas defendidas pelo
professor doutor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Álamo Feitosa.
Segundo ele, ainda não se deixa muito claro a forma como deve ser defendido
esse patrimônio, inclusive no que diz respeito ao trato da pesquisa.
Ele lamenta que novamente notícias do gênero ocorram em relação ao
patrimônio paleontológico da região. Segundo o pesquisador, torna-se necessário
uma política efetiva de defesa do patrimônio, através dos órgãos
fiscalizadores. "Não culpo o industrial que está realizando o seu trabalho,
explorando nas minas, mas o órgão fiscalizador, que deve cumprir o seu papel
com medidas mitigadoras, em áreas de união, no intuito de minimizar o impacto
ambiental", salienta.
Um dos argumentos que normalmente se
defende pelas pessoas que conseguem levar da região as peças de alto valor
científico e comercial, é que esse material saiu do Brasil antes da lei que
proíbe o tráfico. Há cerca de cinco
anos, o crânio de pterossauro em perfeito estado estava sendo leiloado por meio
de um site de Nova Iorque, no valor de R$ 1,2 milhões. Mesmo com o pedido de
repatriamento, essas peças dificilmente voltam. Segundo Álamo, o que mais chama
a atenção é o grau de perfeição desses fósseis.A última grande apreensão
ocorreu no interior de São Paulo, há cerca de cinco meses, com mais de 60
peças, ainda não retornou, mesmo com o pedido formal de devolução junto à
Policia Federal, por meio da Urca, para o Museu de Paleontologia de Santana do
Cariri.
Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário