Por Fernando Brito, editor do Tijolaço
Há uma semana, antes de a dengue me pegar de jeito – e ainda não me largou – escrevi aqui um post sob o título de “Aécio e o fantasma de Bolsonaro“.
Sete dias depois, vê-se que o senador mineiro ficou isolado na defesa do “impeachment”, com as sucessivas declarações de FHC, Eduardo Cunha e, agora, até José Serra de que “Não há irregularidades que deem razão a impeachment”, como publica a Folha.
É evidente que não houve uma súbita conversão desta turma ao respeito pela ordem institucional.
Em seu artigo de hoje, na Folha, Aécio mostra que sentiu as “caneladas” internas e, embora tente manter a linguagem radical, dá mostras de que não tem mais o comando do processo político em seu partido.
A ação que iria ser apresentada esta semana, com base no parecer encomendado a Miguel Reale Jr, vai, ao que parece, ficar hibernando.
O espírito beligerante da Avenida Paulista perdeu o ímpeto, apesar do bombardeio do complexo midiático-judicial da operação Lava-Jato.
Ontem, Merval Pereira parte para o ataque à “moderação” tucana:
“A luta política que o PSDB desenvolve no momento, buscando criar condições para destituir a presidente Dilma ou, se não for possível, desgastá-la ao máximo, faz parte da democracia e dizer que é golpismo não passa de uma tentativa de constranger o adversário”.
Para isso, não há limites, como esta história de hoje sobre a imposição de multas que, na prática, cassassem o funcionamento do PT, um destes balões de ensaio que não tem suporte jurídico algum, mas serve para manter as águas agitadas.
A tucanagem “velha de guerra” sabe que não pode embarcar de cabeça na onda do “vem pra rua”.
E Aécio sabe que precisa manter um pé fora dela, mas não pode desembarcar dela .
A extrema-direita já se sente com força para assumir um rosto próprio e Aécio fez, ao longo do último ano, os movimentos para tornar-se esta face.
É pouco provável que possa se desvencilhar deste papel.
Assim como este papel vá servir aos tucanos em 2018.
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