A Operação Lava Jato, que investiga irregularidades na
Petrobras, já desempregou 10 mil pessoas ocupadas pela indústria naval e pode
gerar outros 30 mil desempregos nos próximos três meses, segundo estimativas do
presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo
Rocha.
Durante audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir
os impactos das investigações na atividade econômica nacional, Ariovaldo
informou ontem (22) que, indiretamente, 30 mil pessoas equivalem
"tranquillamente a mais de 200 mil pessoas".
Rocha lembrou que a crise da estatal, intensificada no segundo
semestre do ano passado, gerou uma queda de emprego de 4% entre novembro de
2014 até fevereiro deste ano, passando de 82,4 mil para 79,1 mil. "Este
número já caiu em abril e chegou a 72,9 mil", acrescentou.
O sindicalista explicou que o problema começou quando a empresa
Sete Brasil suspendeu o recurso para a construção de 28 sondas para Petrobras.
"A Sete Brasil tem contrato para construção de sondas com a
Petrobras e nós temos com a Sete. No nosso contrato, a empresa está sem honrar
pagamentos desde novembro. Está insuportável", disse, ao revelar que o
volume de recursos atrasados somam de US$ 1 a US$1,5 bilhão.
Governadores e representantes da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical foram
convidados para o debate, de modo que relatassem a situação em seus estados e
setores de atuação. Entretanto, apenas o prefeito do município de São Jerônimo
(RS), Marcelo Luiz Schreinert, compôs a mesa ao lado de Rocha.
Para Schreinert, a cidade gaúcha foi afetada pela rescisão do
contrato da Petrobras com a Iesa Óleo e Gás, responsável por obras de
exploração de petróleo. Segundo ele, antes mesmo do início das investigações, a
empresa enfrentava dificuldades por causa de mudanças no projeto pela estatal.
O prefeito explicou que, com a rescisão do contrato, mil trabalhadores foram
demitidos.
"O principal impacto em cidades pequenas, como o nosso
caso, é na economia local. São atingidos restaurantes, hotéis e a empresa de
onibus. Sobra tudo para os prefeitos, que têm de fazer a parte social e
garantir condições para que as pessoas possam retornar [às suas atividades] ou
sobreviverem nos municípios", destacou.
Ao descrever o contrato de obras em São Jerônimo, o prefeito
disse que o total de recursos chega a US$ 900 milhões, gerando 4 mil empregos
diretos e 8 mil indiretos. "Com a paralisia da Petrobras, ninguém assina
cheque. Há uma inércia muito grande e essa é incidência direta da Lava Jato.
Ninguém decide nada. Por isso, os empreendimentos estão em stand by ,sem receber
o que lhes é devido", concluiu.
fonte: Brasil 247
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