Conhecida pela aparente
organização financeira,
a Prefeitura
de Mauriti teve a boa fama
comprometida nos últimos
meses. O prefeito Evanildo
Simão (PT) enfrenta grandes
dificuldades para honrar
compromissos com fornecedores
e pode levar a gestão
ao colapso. A denúncia feita,
inicialmente, por opositores
a gestão petista é constatada
no Portal da Transparência
do Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM).
Entre os serviços que podem
paralisar está a coleta de
lixo e o fornecimento de energia.
Na coleta de lixo, a empresa
“Proex – Projetos e Execução
de Limpeza Urbana”,
responsável pelos serviços,
deixou de receber em 2015 o
valor de R$ 328 mil. Apesar
da empresa não confirmar, o
atraso gerou desgaste e ameaça
de paralisação nos servi-
ços. A dívida foi quitada de
forma parcelada já em 2016.
Com a Coelce (Companhia
Energética do Ceará) a
situação foi ainda mais grave.
No último quadrimestre
de 2014 vários órgãos da
Prefeitura, como Postos de
Saúde e Escolas, tiveram o
fornecimento interrompido
por falta de pagamento. A
dívida acumulada, prevista
nos restos a pagar de 2014 e
2015 com a companhia, ultrapassou
os R$ 449 mil.
Após a situação ganhar
repercussão, principalmente
nas redes sociais, a assessoria
de imprensa da Prefeitura
divulgou nota de esclarecimento,
argumentando sobre
a difícil situação econômica
que passa o País e a constante
diminuição na arrecadação
do município, como
entraves a boa organização
da gestão. Ainda, segundo
a nota, a prioridade do prefeito
Evanildo Simão é o pagamento
da folha dos servidores.
A nota não fala sobre
as pendências no pagamento
de outros fornecedores e
restos a pagar deixados pelo
ex-prefeito Isaac Júnior (PT).
Segundo pesquisa realizada
pelo Jornal do Cariri,
a nota mente com relação
à arrecadação. Em 2012 o
ex-prefeito, Isaac Júnior,
administrou o município
com R$ 65,9 milhões anual.
Em 2013, primeiro ano
da gestão Evanildo Simão, o
município arrecadou R$ 69
milhões. Em 2014 a arrecadação
ultrapassou os R$ 77
milhões e 2015 chegou a R$
81 milhões. Não houve queda,
sim crescimento.
Por outro lado, a consulta
ao Portal da Transparência
identificou um aumento de
gastos na folha superior a R$
10 milhões, entre os anos de
2013 e 2015. Em 2012 o gasto
com pessoal (vencimentos
e vantagens fixas) foi de R$
20,7 milhões; já em 2015 o
valor chegou a R$ 31 milhões.
A despesa excedente com pessoal
acumulada nos três anos
ultrapassa os R$ 20 milhões.
A despesa com contratações
por tempo determinado,
também sofreu um
acréscimo significativo. Em
2012 foram gastos R$ 5 milhões
com os quadros, enquanto
que em 2015 a despesa
ultrapassou os R$ 8,7
milhões. O acumulado do
gasto em três anos ultrapassou
os R$ 5 milhões.
Outros pagamentos de
serviços chamam a atenção
para o aumento exorbitante.
Em 2012, a Prefeitura pagou
cerca de R$ 17,3 milhões a
serviços de terceiros (pessoas
físicas e jurídicas). O valor
saltou para R$ 20 milhões já
em 2013 e a diferença acumulada
entre 2012 e 2015
ultrapassa os R$ 6 milhões.
Apesar da crescente arrecadação,
com um incremento
de R$ 29 milhões em três
anos, o aumento significativo
das despesas tem inviabilizado
a gestão. Entre os anos de
2012 a 2015, o prefeito Evanildo
aumentou o custo da
Prefeitura, em apenas três
itens consultados, em mais
de R$ 31 milhões.
Outro gargalo da administração
são os restos a pagar
deixados pelo ex-prefeito
Isaac Júnior. Apenas em
2013 foram R$ 1,6 milhão
em pagamentos de “despesas
anteriores” e “indenizações e
restituições”. O ex-prefeito
é suspeito, ainda, de receber
recursos para obras no
município e não concluir os
serviços. O prefeito Evanildo
Simão, aliado de Isaac
Júnior, não confirma a informação,
mas a denúncia
deve ser feita e investigada
pelo Ministério Público do
Estado e Ministério Público
Federal, além do TCM.
Contatado pera comentar
as denúncias, o prefeito
Evanildo Simão, disse por
meio de mensagens que a situação
é geral. Evanildo creditou
o aumento dos gastos
com a folha a realização de
um concurso público e uma
decisão judicial para pagamento
de, pelo menos, um
salário minimo aos servidores.
Apesar de não fornecer
detalhes, o prefeito disse que
o custo tem aumentado pelo
pagamento de precatórios.
O ex-prefeito Isaac Júnior
não foi encontrado.
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