Dos 500 mil casos de câncer registrados todos os anos, de 20 mil a 25 mil estão relacionados à mão de obra do paciente. Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) lista 19 tipos de diagnósticos malignos, entre os de pulmão, pele, fígado, laringe e leucemias, que podem ser provocados pela exposição a produtos químicos e falta de equipamentos de segurança adequados. Os dados fazem parte do estudo Diretrizes para vigilância do câncer relacionado ao trabalho, divulgado ontem.
A estimativa de 20 mil a 25 mil casos pode ser conservadora. Leva em conta pesquisas europeias, que apontam que 4% dos novos tumores são ligados à ocupação da mão de obra: “Considerando o ambiente de trabalho, maquinários obsoletos, processos ultrapassados, os trabalhadores brasileiros estão ainda mais expostos que os europeus. Em alguns tipos de tumor, podemos trabalhar com uma proporção de 8% a 16% dos novos casos”, ressaltou Ubirani Otero, coordenadora do estudo e responsável pela Área de Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho e ao Ambiente do Inca.
O documento recomenda, como principal estratégia para a redução do número de tumores malignos, a eliminação da exposição aos agentes causadores. Além de listar os cânceres ligados ao trabalho, relaciona os produtos cancerígenos e a atividade econômica a que está ligado, como a de cabeleireiros, agricultores profissionais, da construção civil, indústria do petróleo, entre outras.
Aponta ainda a dificuldade de se obter dados a respeito da ocupação dos pacientes. Ubirani levantou estatísticas sobre câncer de bexiga, a partir do cadastro Integrador de registros hospitalares de câncer, entre 2008 e 2010. Nesse período, hospitais relataram 2.426 casos da doença. Em 46,2%, faltaram informações sobre o tipo de trabalho exercido. “Não basta saber a ocupação atual, mas também a atividade pregressa. Só com informações corretas vamos conseguir relacionar câncer à ocupação. O Ministério da Saúde tem apenas 128 registros de câncer relacionado ao trabalho. (da Folhapress)
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ENTENDA A NOTÍCIA
Segundo a estimativa divulgada pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) baseada em estudos internacionais, cerca de 4% das 518.510 pessoas que devem receber diagnóstico de câncer neste ano no país terão o trabalho como principal causa desse mal.
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