Efeito da fragilidade partidária no País, não é difícil encontrar parlamentares que atuem de maneira distinta das agremiações que representam. Na Assembleia Legislativa, há deputados que criticam ações do Executivo e votam contra matérias do Governo, ainda que façam parte de siglas governistas. A recíproca é verdadeira: deputados de partidos opositores que costumam apoiar medidas governistas.
A poucas semanas para o início das atividades da próxima legislatura, nem todos os partidos se reuniram com seus representantes na Casa para discutir a atuação dos parlamentares. É o caso de Roberto Mesquita (PV), que afirmou não ter sido avisado de reunião da comitiva estadual. Ele foi o único representante da agremiação eleito à Assembleia e, apesar de o PV ter apoiado o governador Camilo Santana (PT) nas eleições, Mesquita defendeu abertamente a campanha de Eunício Oliveira.
Segundo o parlamentar, havia uma "comunhão de pensamentos" quando o partido estava na oposição e apoiou o candidato de Luizianne Lins (PT), o deputado estadual eleito Elmano de Freitas (PT), para a Prefeitura de Fortaleza, em 2012. Porém, alega, as divergências tiveram início quando o partido decidiu apoiar o ex-governador Cid Gomes (PROS). "A minha posição natural é de independência", destacou, reiterando a falta de diálogo com a sua legenda.
Orientação nacional
O presidente estadual do PV, Marcelo Silva, garantiu que caberá ao diretório decidir, em ressonância com a orientação da executiva nacional, a respeito dos mandatos dos representantes em reunião a ser realizada. Sobre Mesquita ir para a oposição, Silva afirmou que a informação que ele tem é a de que "parece que ele (o deputado) não vai muito nessa", minimiza.
Situação semelhante é a de Heitor Férrer (PDT), que, embora seja filiado a um partido que apoiou o ex-governador Cid Gomes e apoia Camilo Santana, é considerado opositor. De acordo com o deputado, o PDT tem sido complacente e compreensivo com seu histórico na vida pública, mas destaca que, nas votações de matérias do Governo, em 90% dos casos é a favor.
O presidente do PDT no Estado, André Figueiredo, reconhece a liberdade concedida a Heitor para fiscalizar ações do Executivo, mas diz que o deputado vota mais com o Governo do que contra. "Nesses quatro anos, em nenhum momento o governador pediu que pedíssemos o voto de Heitor", salienta.
O caso do deputado Júlio César Filho (PTN) é o oposto. Ele é muito ligado ao Executivo, tendo sido vice-líder do Governo na Assembleia, enquanto a sigla que representa fechou apoio a Eunício no ano passado, o que forçou o deputado a fazer campanha para si próprio sem apoio de candidatos majoritários. Reeleito, Júlio César é o único representante do partido na Casa.
Segundo o presidente estadual do PTN, Antônio Costa Silva, ocorreu uma reunião com o parlamentar na tarde de ontem para discutir o teor da conversa que Júlio César teve com Camilo Santana na semana passada, quando o governador recebeu quase todos os deputados estaduais. "Se ele (Camilo) quer só o deputado, ou se quer também o partido", apontou. Silva afirmou que o PTN já está se preparando para as eleições de 2016 e 2018.
DN
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