O Bispo Diocesano do Crato, Dom Fernando Panico, está sendo acusado de ter se apossado de relíquias do Padre Cícero pertencentes à família de Cícera Romana, conhecida como afilhada do fundador de Juazeiro. As acusações foram feitas por Dona Cicinha, em entrevista ao Jornal do Cariri. Segundo a religiosa, cinco relíquias foram entregues ao Monsenhor Murilo de Sá Barreto, a pedido do Bispo Diocesano do Crato, para uma viagem a Roma.
Segundo Dona Cicinha, houve a promessa de que as peças retornariam a posse da família após o retorno de viagem. Na ocasião, foram entregues pedaços de pano do primeiro caixão do Padre Cícero, da fronha do travesseiro e da batina, pêlos da barba e o prato usado para as últimas refeições. O problema começou quando, meses depois, Monsenhor Murilo faleceu. Passado o impacto da morte do religioso, dona Cicinha procurou bispo para requerer o retorno das peças. No encontro, Dom Fernando teria informado que as relíquias ficariam na posse da Diocese.
A afilhada do padre Cícero revela, ainda, que já foi instruída por pessoas ligadas à Igreja para questionar existência e a entrega das peças. Ela disse ter fotografias que atestam o momento da entrega. Além das fotos, dois padres e uma colaboradora que residiu com monsenhor Murilo por 50 anos testemunharam o momento. Os nomes foram mantidos em sigilo pela família.
As peças são de conhecimento público, pois já foram apresentadas em programas de televisão como Jô Soares e Ana Maria Braga. Dona Cicinha informa, ainda, que as relíquias são solicitadas para exposições em vários estados do Nordeste. “As relíquias estão na minha família há décadas. São heranças de meus pais. Ele (o bispo) não poderia ter feito isso”, desabafa dona Cicinha. O caso já foi denunciado à Justiça, segundo Dona Cicinha, na Comarca de Fortaleza.
Processo de reabilitação
Procurado para falar sobre o assunto, o bispo Dom Fernando Panico não quis se pronunciar. A Diocese indicou o vigário-geral José Vicente (Zé Vicente) para se pronunciar. Segundo ele, as peças foram entregues de livre e espontânea vontade pela família. “Elas foram cientificadas da importância das peças para o processo e que poderiam ficar por um bom tempo sob os cuidados da Diocese”, revelou Zé Vicente.
Sobre a devolução das relíquias, o padre disse que após reunião da cúpula da Igreja, teria sido decidido que, de bom grado, as peças pudessem ficar na posse da Diocese. Segundo ele, existe um processo em curso para reabilitação do Padre Cícero e as peças estão incluídas. O religioso disse que deve procurar dona Cicinha para convencê-la em deixar as peças aos cuidados da Igreja.
Segundo o vigário-geral da Diocese, as relíquias continuam pertencendo a família em questão, o que a Igreja pede é que as mesmas fiquem sob os cuidados da Diocese, pelo grau de importância das peças no processo. “Constantemente, somos chamados a Roma com a solicitação de comparecer com as relíquias.
A posse provisória das peças facilita”, disse Zé Vicente. Ao final, o padre José Vicente solicitou que outras famílias que tenham relíquias que possam ajudar na elucidação do milagre da Beata Maria de Araújo, que procurem à Diocese para que sejam incluídas no processo junto à Santa Sé, em Roma.
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