Ao assumir nesta segunda-feira (5) o cargo de ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu evitou tratar das polêmicas envolvendo declarações recentes de que não haveria mais latifúndio no Brasil e disse que recebeu da presidente Dilma Rousseff a incumbência de dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos.
“Ela [Dilma] me pediu obstinação nessa tarefa. Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. Tem mais de 5 milhões de produtores rurais, sendo que 70% deles estão na classe D e E, 6% na classe A e B e apenas 15% na classe C”, disse a ministra que prometeu levar pelo menos 800 mil produtores para a classe C.
Segundo ela, será feito um esforço para dotar esses produtores de capacitação técnica. Para isso, a nova ministra pretende envolver órgãos federais como a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), o Sistema S e as universidades. “Vamos de porteira em porteira atrás dessas pessoas buscando e levando uma revolução em tecnologia para que eles possam ascender socialmente e ter uma renda mais elevada”, disse.
Kátia Abreu também falou em diálogo com os movimentos sociais e ao ser perguntada sobre a declaração de que não haveria mais necessidade de uma reforma agrária ampla no Brasil, respondeu que o assunto é da competência de outro ministério . “O meu ministério não é responsável pela reforma agrária, essa competência é do MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário], e eu pretendo respeitar essa competência”.
A declaração de Kátia Abreu sobre latifúndio recebeu crítica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que, em nota, considerou a fala “descabida e desconectada da realidade do nosso país”. “Quem realmente conhece a história de nosso país sabe que não são os povos indígenas que saíram ou saem das florestas. São os agentes do latifúndio, do ruralismo, do agronegócio que invadem e derrubam as florestas, expulsam e assassinam as populações que nela vivem”, diz a nota.
A nova ministra, no seu discurso, também defendeu a ampliação da infraestrutura logística com a construção de ferrovias e hidrovias. Segundo Kátia, um dos desafios do ministério será desbravar a fronteira agrícolas dos estados do Norte e Nordeste, em especial o Tocantins, Maranhão, Piauí e a Bahia. “É uma região muito especial onde não ocorrerá desmatamento, pelo contrário, são áreas de pecuária que estão sendo transformadas em agricultura, e essa região precisará ter um crescimento sustentável do ponto de vista ambiental, da logística, da energia e da armazenagem”.
Ela disse ainda que vai trabalhar para aumentar as exportações do agronegócio. “Nós temos um imenso mercado no exterior, e as nossas empresas, as nossas agroindústrias, precisam estar preparadas para exportar para esse grande mercado consumidor, quer seja de carne em geral, quer sejam de outros produtos. A nossa obrigação como ministério é abrir as portas para que todas as empresas possam exportar”.
A nova ministra também prometeu tratar da crise do setor sucroalcooleiro, decorrente do baixo preço do petróleo e de questões climáticas. “O setor sucroalcooleiro não tem uma receita única, teremos que ter uma receita com vários conceitos, com variadas prioridades e soluções para que este assunto se resolva”, disse Katia Abreu que prometeu buscar uma solução para crise em reuniões com os ministérios da Fazenda, do Planejamento e com o Tesouro Nacional.
Diário do Nordeste
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