O ministro da Educação, Cid Gomes, afirmou que deseja utilizar o Enem como “parte dos indicadores” de avaliação da qualidade do ensino médio. A proposta também foi defendida pelo então ministro da pasta Aloizio Mercadante, mas sofreu resistências.
Uma das preocupações é como fazer a mudança sem prejudicar a série histórica desenvolvida até aqui. Hoje, o ensino médio público do país é avaliado de forma amostral, por meio de prova realizada a cada dois anos, a exemplo da Prova Brasil, aplicada aos alunos do ensino fundamental.
“Eu quero discutir a possibilidade de ter o Enem também como indicativo de avaliação para políticas públicas na área de educação, com foco obviamente no ensino médio”, disse Gomes em coletiva de imprensa. A melhoria da qualidade dessa etapa do ensino é uma das prioridades da presidente Dilma Rousseff em educação.
O novo ministro pretende viajar para os estados que apresentaram bons indicadores de qualidade do ensino médio - Pernambuco foi o primeiro a ser visitado. Cid reconheceu que o “ensino público brasileiro está muito aquém do desejável”.
NÍVEIS SOCIOECONÔMICOS
Na tarde de ontem, o MEC fez um balanço das notas dos concluintes do ensino médio que participaram do Enem 2014, a partir da rede em que estão matriculados (privada, estaduais, municipais e federais). Entre os dados, a pasta ressaltou que a diferença de desempenho das escolas torna-se mais sutil se considerado o nível socioeconômico dos participantes.
Um exemplo: alunos de escolas federais (colégios militares e de aplicação) tiveram uma média das provas objetivas e redação de 588,8 pontos, frente a 477,7 pontos da rede estadual, que concentra a grande maioria dos alunos do ensino médio. Ou seja, uma diferença de 111,1 pontos.
Se considerados apenas os alunos de nível socioeconômico “muito alto” das duas redes, a diferença de pontos cai para menos de 10 pontos (626,5 e 618,3, respectivamente).
“As federais continuam sendo melhores, provavelmente pelo processo de seleção [para ingresso dos alunos]. (...) Quando comparamos escolas que atendem o mesmo tipo de aluno, as diferenças existem, mas não são diferenças abissais”, ponderou Chico Soares, presidente do Inep (órgão do MEC responsável pelo Enem).
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