terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Câmara de Juazeiro do Norte depõe sobre eleição de presidente


Depois de muita polêmica, revelações bombásticas e graves denúncias de aliciamento e compra de vereadores para a eleição da mesa diretora da Câmara de Juazeiro, o Ministério Público do Estado (MP-CE) convocou 20 dos 21 parlamentares para prestarem esclarecimentos em oitivas iniciadas na última sexta-feira (14).

Parte dos vereadores ouvidos pelos promotores Lucas Azevedo e Silderlanio do Nascimento disse ter passado por constrangidos durante os depoimentos. Aos parlamentares foram apresentadas fotos, suas e de outros colegas, no chamado retiro que antecedeu a votação na Câmara.

Os promotores teriam apresentado, ainda, gravações com conversas de bastidores, que comprometem pelo menos oito vereadores. Nas gravações, vereadores admitem ter recebido vantagens para votar no candidato eleito Capitão Vieira (PTN). Os depoentes foram perguntados se reconheciam as vozes e o teor da conversa.

Mesmo com a apresentação das provas, a maioria dos vereadores reconheceu as vozes, mas desconheceu a prática de compra ou favorecimento durante o processo eleitoral. Segundo informações, por várias vezes, o advogado procurador da Câmara, Róseo Augusto Jacome Alves, se pronunciou contrário aos critérios do depoimento, por entender que os parlamentares estavam sendo constrangidos.

A denúncia, feita dias antes da eleição, pelo então presidente Darlan Lôbo (PMDB), revelou nomes, valores e outros benefícios oferecidos aos edis. Todo o material entregue ao MP foi anexado de gravações, fotos e documentos, além do áudio e da ata da sessão, contendo os debates aonde vereadores chegam a admitir a negociação.

Além das fotos, gravações de áudio e a ata da sessão, o MP deve estar de posse de material sobre as ameaças reveladas por Darlan, na sessão do último dia 11. O vereador chegou a dizer que não se intimidaria e que não tinha medo de morrer. Entre outras, Darlan revelou um esquema de distribuição de empregos na administração, para deixar vereadores reféns em votações e assinaturas de CPIs. “Já pedi, e peço de novo, que o Ministério Público comece por mim, pra ver se limpa essa lama que tem aqui dentro. Essa Câmara é uma lama”, esbravejou Darlan.

Sobre a investigação, tentamos ouvir o promotor Lucas Azevedo, que disse não poder se pronunciar, pois a investigação corre em sigilo e qualquer pronunciamento pode atrapalhar o andamento dos trabalhos. Não foi revelado, sequer, o tempo para a conclusão das investigações.

Jornal do Cariri

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