sexta-feira, 21 de março de 2014

Penitenciária agrícola está em condições de precariedade

Além de não ter delegacia, o único local para cumprimento de pena em regime semiaberto, a Penitenciária Agrícola de Santana do Cariri, está em condições de extrema precariedade de funcionamento e deverá ser desativado, segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, após autorização do judiciário, por falta de estrutura para continuar operando, com o prédio deteriorado, com rachaduras, também muitas infiltrações, forros quebrados, cozinha sem a menor condição de higiene.
A distância de Santana do Cariri, as péssimas condições de locomoção pela CE - 166, e até mesmo a comida para os presos, já que se alimentam dos animais que criam e das frutas, estão entre os maiores problemas. São décadas de funcionamento da colônia agrícola, com apenas cinco detentos, que deveriam estar recebendo um auxílio, pelo trabalho desenvolvido na área, de R$ 300,00 por mês. Já se passaram cinco meses, e não houve o repasse, segundo os próprios presos beneficiados.
A estrada que dá acesso ao local fica a 13 quilômetros da cidade. Moradores de um distrito próximo, em Brejo Grande, também reclamam das condições de insegurança. Há vários anos morando no distrito, a professora aposentada e líder comunitária, Maria Silvani Alencar, afirma que tem feito um trabalho de socialização dos jovens.
Segundo ela, na localidade era comum os rapazes, principalmente, andar com uma faca peixeira na cintura, e essa cultura vem sendo trabalhada para minimizar os riscos de brigas e até mortes ocasionadas, além do uso de bebidas alcoólicas.
Maria Silvani destaca que há um morador da cidade, alcoólatra, e que reside sozinho. Segundo a moradora, ele chegou a ser atacado e teve as pernas e braços quebrados e ninguém viu. Diz ainda que o problema maior é a distância para chamar a segurança pública, que para os moradores praticamente não existe.
Vários abaixoassinados já foram feitos pela moradora, solicitando pelo menos condições de transporte, para facilitar a locomoção das pessoas. Há casos em que o deslocamento de doentes é realizado em uma rede, por não ter condições de passagem dos veículos, principalmente em chuvas mais intensas.
O distrito em que mora fica nas proximidades da penitenciária em regime semiaberto. Há situações em que os próprios presidiários, segundo ela, pedem para comprar bebidas. "Estamos expostos, mesmo num lugar como esse, aparentemente tranquilo".
Ela acrescenta não apenas a preocupação da bebida alcoólica entre os jovens, mas das drogas, que têm sido comuns mesmo em área rurais das pequenas cidades cearenses.
Há situações em que os próprios moradores chegam a colaborar com o combustível e estada dos policiais, nos casos de deslocamento para as localidades mais distantes.
Diário do Nordeste

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