quarta-feira, 18 de abril de 2012

Marcos Cunha: “Não tenho tempo para ser vice”

O médico e pré-candidato a prefeito do Crato, Marcos Cunha (PT), concedeu entrevista ao site Miséria e falou sobre os rumores de que estaria sendo pressionado para ser vice de Sineval Roque (PSB). Ele falou ainda da sua militância e o que o credencia para postular o cargo. Sobre a questão de ter abandonado o Crato e ter se tornado forasteiro, Marcos disse que jamais abandonou o Crato e é mais cratense que muitos daqueles que o acusam.

Marcos Cunha finalizou a entrevista falando sobre o ritmo lento de desenvolvimento do Crato é o que precisa ser feito para avançar. Marcos Cunha é professor coordenador, doutor, da cadeira de neurologia da Universidade Federal do Ceará, campus Cariri.

Veja a entrevista na integra:

Madson Vagner – Existe rumores de que o senhor estaria sendo pressionado pelo partido para apoiar Sineval Roque (PSB). Isso é verdade?

Marcos Cunha – Isso não tem nenhum fundo de verdade. O Partido dos Trabalhadores, nos últimos doze meses fortaleceu enormemente a candidatura própria alinhado com a direção nacional de ampliar o número de prefeitos e vereadores nos municípios brasileiros. No Ceará temos quinze prefeituras e precisamos, no mínimo, dobrar esse número. Então não tem sentido, alguém comentar, que existe uma articulação para que se negocie a retirada do meu nome.

Madson Vagner – E como está sua pré-candidatura? O senhor tem discutido com outras forças?

Marcos Cunha – Ela está solida porque o partido está unido em torno dela. Nossa militância e as lideranças partidárias estão fechadas com a nossa proposta. Nós temos discutido com outros pré-candidatos, mas a ideia é fazer um projeto político conjunto para a nossa cidade. Não está em pauta a discussão de composição de chapas, mas entendo que o PT reúne as melhores condições para assumir a liderança desse processo, principalmente, pela questão histórica. Estamos nessa cidade há mais de 30 anos; participamos de todos os processos e temos uma relação com os governos do estado e federal, além de um corpo de militantes fantásticos.

Madson Vagner – Como o senhor traduz a sua frase: “não tenho tempo para ser vice”?

Marcos Cunha – Essa é a vantagem de quem não tem medo de envelhecer. Quem não tem medo ganha, acima de tudo, a experiência de ser tolerante. Quando eu digo que não tenho tempo, não me refiro ao tempo individual e, sim, ao tempo coletivo. Temos militantes fantásticos e que estão assumindo, como eu, a luta por uma nova sociedade. Esse tempo, é o tempo para um projeto novo para o Crato, que precisa ser discutido e isso não significa uma intolerância para discutir alianças políticas. Mas, a nossa discussão não acontece em função eleitoral; nós discutimos em função de um projeto político para a cidade.

Madson Vagner – Muita gente acusa o senhor de ter abandonado o Crato e até de já ser forasteiro. Como o senhor reage a isso?

Marcos Cunha – Vim morar no Crato em 1982 quanto terminei meu Curso de Medicina. Fui um dos fundadores do PT no Crato. Durante seis anos seguidos, organizamos o partido e o inserimos junto aos movimentos sociais e, em 1988, lançamos a minha primeira candidatura a prefeito. Perdemos, mas mostramos um novo paradigma que fugia da polarização entre UDN e PSD. Depois disso fui coordenador regional da campanha do Lula em 1989. Voltei a disputar a prefeitura em 1992, compondo como vice do extraordinário Dr. Raimundo Bezerra. Em 1993, resolvi cuidar da minha carreira acadêmica. Passei seis anos em Curitiba, onde fiz residência de quarto ano, mestrado e doutorado. Passei no concurso e fui ensinar na Universidade Federal do Ceará. Foram 14 anos morando no Crato e viajando nas quintas e sextas para dar aula em Fortaleza. Quando a UFC foi implantada em Barbalha eu vim junto. Mesmo tendo que cuidar da minha carreira, continuei minha militância onde quer que estivesse. Eu nunca abandonei o Crato e sou mais cratense do que muito que hoje falam coisas desse tipo.

Madson Vagner – Então é por isso que o senhor é pré-candidato? É isso que o credencia?

Marcos Cunha – Algumas pessoas acham que é credencial para ser prefeito do Crato, ser empresário, médico ou dentista. Eu, por exemplo, não sou pré-candidato a prefeito do Crato porque sou médico; sou pré-candidato porque tenho uma história de luta. E essa luta não é solitária; essa luta é coletiva. Hoje eu represento um partido que ninguém tem o direito de dizer que ele não faz. As grandes mudanças implementadas no Brasil foram feitas pelo PT e eu sou pré-candidato para, também, implementar essas mudanças no Crato.

Madson Vagner – Então o Crato não está acompanhando o crescimento experimentado pelo Cariri?

Marcos Cunha – Sim! Ele está. O Crato apenas tem tido um ritmo mais lento que outras cidades do Cariri. E aí, existem alguns fatores que precisam ser analisados com mais calma, mas eu acredito no grande potencial do Crato, se bem administrado, para retomar o ritmo de crescimento que ele merece. Agora não podemos pensar o Crato isoladamente. Temos que pensar o Crato dentro de um contexto global, envolvendo pelo menos as nove cidades que representam a macro região do Cariri.

Madson Vagner – Caso seja eleito, quais os principais problemas a serem enfrentados?

Marcos Cunha – O Crato necessita de duas respostas. Uma é política. Temos que fazer uma composição política que tenha a cara e o sentimento do Crato e que seja capaz de encaminhar todos os nossos projetos. Temos que imaginar uma política com representações nos parlamentos municipal, estadual e federal, além do executivo na prefeitura e uma relação política com os governos estadual e federal em pé de igualdade. O Crato tem carência dessas lideranças.

Madson Vagner – E isso não foi feito?

Marcos Cunha – Não! Os “filhotes” dos políticos antigos nunca fizeram isso. Sempre tiveram representação tímida e inibida. E isso precisa ser modificado. Esse é o desafio de que falamos. A segunda é uma resposta administrativa urgente. Precisamos ter uma cidade que possa gerar emprego e renda na sede e na zona rural. Na questão da educação é importante que os recursos sejam usados para construir novas ideias para a gestão dessa educação. São mais R$ 50 milhões gastos sem objetivo. Nós necessitamos aumentar o índice de valorização do professor e fazer escola de tempo integral. Com relação ao piso nacional apenas o nível 1 é atendido e são quase duzentos professores contratados temporariamente. E isso tem que mudar.

Madson Vagner – Mas, e a saúde?

A saúde também é urgente, como também a prática de esportes nas escolas; mas a geração de emprego e renda e a educação são primordiais. A saúde pode ser melhorada, por exemplo, fazendo com que a população viva mais feliz estando bem empregada e sendo educada com qualidade. A prioridade da saúde é fazer com que as pessoas se sintam bem com uma boa praça para frequentar, se deslocando numa cidade bem urbaniza, principalmente nos bairros e nos distritos. Não adianta estarmos crescendo e as pessoas não estarem contempladas nesse crescimento.

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